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Organização, associados e esporte: saiba o que é e como funcionam as atléticas universitárias de Santa Maria

Organização, associados e esporte: saiba o que é e como funcionam as atléticas universitárias de Santa Maria

Foto: Reprodução

​Recentemente, a Liga Interatlética de Santa Maria (Lism) esteve no centro de uma polêmica envolvendo a seleção das atrações para a Calourada de inverno 2023. Mas, você sabe o que é a Liga e como ela funciona? 


Promover a integração dos alunos de graduação por meio do esporte e de eventos. Esse é o lema das atléticas, associações formadas por alunos de cursos das mais diversas Instituições de Ensino Superior de Santa Maria. Engana-se quem pensa que se trata somente de um grupo formado por jovens para promover festas, sem nenhum grande objetivo. Elas possuem estrutura, muitas vezes hierarquizada, divididas por setores e estão em busca de regularização, com CNPJ.


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Acima delas, existe a Liga Interatlética de Santa Maria (Lism), que funciona como um guarda-chuva abrigando as 28 atléticas da cidade, que pertencem à faculdades federais e particulares. 


A liga foi fundada em 2 de novembro de 2019, com o objetivo de acessar e apoiar a maioria das atléticas da cidade, atualmente são 28, além de dar suporte a criação de muitas delas, seja de uma faculdade particular ou pública. 


Dentro dela, as atléticas estão classificadas por níveis: 1, 2, 3 e convidadas. Isso foi criado para que a atlética não fique restrita somente às festas; elas precisam participar e organizar eventos esportivos, além de cumprir diversas responsabilidades e atribuições, que estão especificadas no estatuto quando elas entram para a Liga. Para não cair de nível e perder determinados apoios, é necessário cumprir as tarefas.


Já as equipes convidadas são aquelas mais recentes, formadas ao longo do ano. Como ainda estão "engatinhando", precisam de suporte e não possuem tanta responsabilidade como as demais.


E as atléticas?

Foto: Arquivo pessoal


Não se tem uma explicação exata para responder qual a real origem das atléticas, que são mais "populares" em outros estados, como em Santa Catarina. Em Santa Maria, a atlética mais antiga que se tem registro é a Associação Atlética de Medicina Tiango Touchdown (AAMTT), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), desde 2009.


O "boom" delas se deu, em grande parte, após o período de pandemia, a partir de 2022. Muitas equipes que já existiam se fortaleceram nesse período, enquanto outras foram formadas a partir deste momento. E a que se deve isso? Augusto Noronha, de 25 anos, um dos diretores da Associação Atlética do curso de Direito da UFSM, criada em 2018, explica:


– Durante a pandemia, os alunos passaram diversos semestres sem pisar na universidade ou interagir. Quando as aulas presenciais voltaram, eles sentiram essa necessidade e precisavam de auxílio para conhecerem o ambiente em que iriam estudar e também para integrar com os outros universitários. Foi isso que fortaleceu o nosso trabalho.


Fazer o aluno se sentir pertencente ao curso e se enturmar. O esporte entra neste ponto por ter, em sua maioria, modalidades praticadas em conjunto, o que promove o censo de coletividade e a comunicação entre as pessoas, além dos benefícios para a saúde física e mental. Já o evento auxilia na integração e na socialização do universitário.


Para quem pensa que essas associações podem ter alguma "origem americanizada", a resposta é não. Pelo menos é isso que membros das Atléticas afirmam. E as famosas cheerleaders (líderes de torcida)? Não tem. O foco principal aqui é formar equipes para participar de eventos esportivos de forma competitiva.


E essas competições podem ser das mais diversas possibilidades: pode ser somente de um curso, como Direito, Engenharia ou Medicina; como também pode abraçar todo um centro acadêmico, por exemplo.


Existem atléticas de Santa Maria que participam de competições esportivas até fora do Rio Grande do Sul. Futebol, basquete, handebol, vôlei, truco e sinuca são as mais comuns. Em eventos de nível nacional, englobam até esgrima, tênis de praia, atletismo e natação, entre outras. Se o aluno tem interesse em ser membro da atlética e não tiver tanto talento para o esporte, pode auxiliar na torcida organizada, na organização do evento e até na bateria, que algumas equipes possuem. Ou seja, eles não estão em busca de um atleta profissional, e sim de alguém que goste de praticar esportes.


Outro ponto que vale a pena ser ressaltado é sobre a inclusão de pessoas com necessidades especiais nessas equipes e de modalidades apropriadas, segundo conta Lariane Londero, 28 anos, membro da Lism e ex-presidente da Associação Atlética de Direito da UFN (AADUF):


– Uma de nossas diretoras é cadeirante. Ela joga xadrez muito bem, ela é a nossa grande representante nessa modalidade! Imagina se ficássemos somente restritos a determinados esportes? Perderíamos de incluir outras pessoas que também merecem estar neste meio. Pela condição dela, ela não conseguiria participar.


A criação de uma atlética parte da necessidade dos universitários, que formam uma equipe, mas precisam seguir regras específicas. Atualmente, em busca de regularização, a grande maioria já é regida por estatuto, com regras e objetivos que variam de uma para outra. Também existe uma organização interna, dividida em secretarias/diretorias (de esportes, marketing, financeiro, eventos, por exemplo), no qual cada membro fica responsável por uma função. Também há presidentes, que podem são escolhidos para o cargo através de eleições, que podem ser semestrais ou anuais.

Augusto conta que em sua atlética, por exemplo, as eleições para presidente se dão da seguinte forma:


– Na nossa atlética há uma estatuto. Todo semestre tem uma assembleia eletiva para eleger aqueles diretores que saíram. Temos prazos, conforme nosso estatuto, de divulgação do edital, homologação das candidaturas, tempo aberto para se candidatar. É uma assembleia que é divulgada no grupo dos associados, a eleição é feita de forma anônima, cada um com direito a um voto, bem democrático.


Para fazer parte delas, existe um processo seletivo, que pode ser específico para uma área de atuação dentro da equipe. Todo o trabalho se dá de forma voluntária, com horas diárias de dedicação. Uma atlética pode conter entre 15 a 20 integrantes. 


Foto: Eduardo Camponogara


Mesmo sendo um trabalho voluntário, envolve tarefas que podem fugir da área de formação do aluno, responsabilidade e experiência ao lidar com organização, eventos e liderança de equipes.


E quem já está formado, pode fazer parte da atlética do seu curso como membro? Depende do estatuto. Em algumas, a pessoa sai do cargo; em outras, migra para um novo cargo, como conselheiro, dando suporte para a nova geração. 


Outro ponto curioso é que algumas delas possuem associados, ou seja, alunos que se associam a atlética do seu curso, pagam mensalidades e ganham benefícios em estabelecimentos parceiros da cidade. Este ponto, inclusive, é considerado essencial para a arrecadação de dinheiro das atléticas, além do caixa feito com eventos e integrações.

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